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Uma exposição por um bilhete de Metrô

  • Foto do escritor: Rubens Cavalcanti Silva
    Rubens Cavalcanti Silva
  • 24 de dez. de 2019
  • 4 min de leitura



Por mais que não queiramos admitir, a arte sempre foi e sempre será elitista. As mesmas portas de vidro que impedem as intempéries do tempo de danificarem as obras expostas num museu ou galeria, também impedem que pessoas mais simples, tenham acesso a ela.


Para o artista é difícil conviver com esta contradição, já que ele quer produzir e expor seus trabalhos para que todos possam admirar, comentar, interferir etc. Difícil também é trabalhar com uma galeria que tenha a mesma proposta ou semelhante a dele.

Felizmente existem espaços públicos que nos ajudam a expor nosso trabalho de maneira simples, direta e que acolhem qualquer tipo de público. O Metrô é um desses espaços. Eu expus lá em 2003 quando trabalhava em uma nova proposta denominada Guerreiras. Série dedicada às mulheres em geral, foi bem acolhida, não só pelo Metrô, como também pela população que pode vê-la sem portas de vidros e apenas pagando sua passagem.

Na época eu estava sendo representado por uma galeria de arte, mas, como artista popular que sou, queria que as pessoas comuns tivessem acesso à minha arte. Por isso a escolha de expor no Metrô também.

Hoje, sem galeria pra me representar, mas, com um novo projeto, volto a esse lugar para divulgar a minha arte a todos que quiserem ver.


O poeta é um fingidor. E mentiroso

Engana-se quem acha que a pessoa comum não gosta de arte. A arte é inerente a qualquer ser humano. As pessoas gostam sim, de arte. Seja uma música, um filme, um livro, uma pintura, uma poesia etc. O poeta Mário Quintana dizia não gostar de música. Mas aqui, entre nós, acho que ele mentia. Acredito que, como qualquer artista, este poeta gostava de inventar uma boa história.

O ser humano gosta de contar histórias. Isso vem desde o do tempo que nos sentávamos em volta de uma fogueira e narrávamos coisas que aconteciam com a gente. Ou não.

Então, vou contar pra vocês a história desta série, que achei conveniente chamá-la de Próximo lance. Vamos lá?

Chaturanga

O xadrez, claro, também tem uma história. Muitos atribuem seu nascimento à Índia, por volta do século VI d.C. Era conhecido pelo nome de Chaturanga. Que em sânscrito significa os quatro elementos de um exército. Este jogo chega então à China e Persa graça aos comerciantes que se encarregaram de populariza-lo. Em Persa a palavra xadrez significa shah, ou rei.

Eu não sei jogar xadrez

Bem, isso não condiz à verdade absoluta. Meu perfeccionismo me impede de dizer que domino tal arte. Estou aprendendo esta muito lentamente. Aliás, como deve ser praticada toda forma de arte. Ganhei, certa vez, um tabuleiro de um aluno, que começou a me ensinar este jogo. As peças me fascinaram e pacientemente, e, apelando à mitologia, esperei das Três Graças (risos), inspiração para que um dia eu pudesse me expressar artisticamente.

A gravura me possibilitou desenvolver tal projeto.


Um porto seguro para o artista

Todo o processo de confecção dos carimbos foram desenvolvidos no Atelier

Experimental da Porto Seguro. Sim, isso mesmo, aquela seguradora famosa. Você pode achar que eu estou fazendo propaganda desta empresa e eu concordo: estou mesmo. No entanto, gratuitamente. Acho importante, independente de qualquer coisa, o fato de empresas terem espaço para expressão artística. Quando estas ajudam ou incentivam o artista, eu aplaudo de pé.

A Porto Seguro tem várias atividades voltadas para a arte, como todos sabem. Nas artes visuais eles têm o Atelier Experimental e o Atelier aberto. Este último é totalmente gratuito, bastando apenas fazer inscrição pelo site.

Quando cheguei lá, eu tinha outro projeto e o orientador, Nori figueiredo, me incentivou a desenvolver o mesmo projeto mas com uma proposta diferente e nova usando como método, o carimbo.

Todas as peças, depois de desenhadas, foram escaneadas e editadas em um

programa para poderem ser recortadas a laser em MDF.

Depois desta etapa, as impressões foram realizadas em meu atelier e depois de prontas retornei ao atelier da Porto Seguro para as considerações finais.


Próximo lance

Fiz algumas impressões, com várias cores, utilizando o recurso da xilogravura como fundo, para buscar elementos, ou desenhos dos veios da madeira. Depois deste suporte seco imprimi as peças recortando-as depois, para em seguida fazer as colagens. Em alguns trabalhos, no entanto, fiz uso deste fundo ainda úmido para saber qual seria o resultado. Confesso que me agradou bastante.

Antes de fazer as colagens definitivas, eu fotografei as composições com o celular para não correr o risco de esquecer, caso eu tivesse de abandoná-los por algum tempo.

O que me surpreendeu bastante foi o fato de eu poder utilizar, também, os elementos vazados como parte do processo. Sinceramente eu não havia pensado nisto.


No Metrô, tudo é passageiro

É claro que para uma empresa de transporte, o passageiro é tudo. No entanto, além da dedicação a este, da organização etc., o Metrô se preocupa com a cultura e a arte de nossa cidade. São inúmeros projetos voltados para a população que vão desde espetáculo de música à exposições. Isto é importante não só para o público em geral como para o artista também.

Parafraseando Friedrich Nietzsche eu diria: sem a arte, a vida seria um erro.

Em nome da arte, sou grato por isso.



Linha Vermelha

No momento que atualizo este blog, venho encerrando esta série de exposições, no Metrô de São Paulo. Esta última fase está acontecendo na Estação Corinthians-Itaquera, da Linha Vermelha. O término é no dia 31 de dezembro de 2019.


 
 
 

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