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Arte abstrata qualquer um faz

  • Foto do escritor: Rubens Cavalcanti Silva
    Rubens Cavalcanti Silva
  • 16 de jul. de 2018
  • 5 min de leitura

Ou assim imagina a grande maioria.


📷 Não tenho tempo V | mista s/tela | 110 x 140 cm | 2015 | Rubens Cavaldcanti da Silva

Apesar de já ter muita experiência na área artística quando comecei a fazer faculdade, eu nunca fui do tipo que se exibi ou tenta mostrar a todo o momento o que sabe. Antes de tudo acho falta de respeito para com o professor e também para os amigos de curso. Acho inconvenientes algumas pessoas que vão fazer determinados cursos e ficam a todo o momento interrompendo o professor(a) para mostrar o quanto sabe.

São como aqueles indivíduos que vão para uma palestra e ao levantar a mão para fazer uma pergunta ao palestrante fazem uma exposição de seus conhecimentos tão longa que a tal pergunta se perde no meio e tudo fica confuso para todos.

Acredito que tanto no caso da pessoa que vai a uma palestra quanto do aluno que tenta enfrentar a toda hora a pessoa que está lá na frente tentando passar algo, não deveriam estar lá, já que sabem tudo.

Partindo desse principio, eu nunca tento interferir numa aula ou palestra que eu esteja assistindo.

A não ser...

Arte abstrata qualquer um faz

Lembro quando estava na faculdade de letras que a professora, se deixando levar pela empolgação começou a falar sobre a arte abstrata. Sua disciplina era produção de texto, o que não tira de modo algum seu mérito ou seu conhecimento nas artes visuais.

No entanto ela disse tanto disparate. Tanta bobagem. Tirou tantas conclusões errôneas que eu fiquei pasmo. Disse que a arte abstrata era para quem não sabia desenhar, nem pintar. Que qualquer pessoa poderia fazer isso. Que qualquer criança era capaz de pintar etc. Ela ficou discursando por quase uma hora sobre a arte abstrata.

E eu quieto.

Fazia piadas e citava exemplos de crianças que ficaram famosas pintando nessa técnica. Falava de pessoas que colocavam tinta numa tela e depois colocava um animal como macaco ou cachorro em cima da mesma e o resultado era... uma bela obra abstrata.

E eu quieto.

Toda vez que ela falava algo, ela olhava pra mim, talvez querendo minha aprovação. Mas eu... Eu continuava quieto. Até o momento que ela disse: não é mesmo Rubens?

Isto não é arte. É apenas uma catarse

Mesmo com essa pergunta, eu tentei manter a calma e educadamente disse que não concordava em absoluto com ela, pois toda manifestação artística ou estilo de pintura tem uma história. Tem um por quê? E que nenhuma arte é assim tão fácil, como muitos acreditam. Ela ficou possessa e colocou em prática toda a sua autoridade como professora. Como alguém que sabia muito. Como alguém que sabia mais do que qualquer aluno.

Tá bom, então, ela disse. Me fala então sobre a arte abstrata e a importância dela no cenário artístico (aqui ela falou com ironia).

Sem querer me exibir, eu falei mais ou menos sobre essa arte, as pessoas que estiveram envolvidas em sua criação e porque ela passou para história (erroneamente) como algo simples que qualquer um pode fazer.

E ela quieta.

Falei como os artistas chegaram à conclusão de que não deveriam imitar nada que houvesse na natureza.

E ela quieta.

E também concordei com ela no tocante que hoje em dia há muitas pessoas se dizendo artista abstrato e que nada sabem sobre tal arte.

E ela quieta.

Disse que muitas pessoas, que se dizem artistas, acham que podem quebrar qualquer regra sem nem mesmo conhecer essas regras.

Então você concorda comigo? Perguntou ela. De certo modo sim, mas não podemos generalizar, disse. Continue, ela pediu (já um pouco séria e com um risinho nos lábios).

Continuei e disse que por maior que possa parecer contraditório, um artista de verdade vive mais pesquisando do que outra coisa. Para ser um artista, no caso abstrato, ele tem que estudar desenho, saber sobre estética e conhecer muito sobre cores. É claro que ele não precisa se dedicar ao desenho no modo acadêmico do termo. Ele não precisa desenhar precisamente. Na verdade ele nem precisa desenhar. Mas precisa pelo menos conhecer algo sobre traços. Há muitos artistas, abstratos ou não, que não sabem desenhar, e nem por isso são maus artistas. Mas, no meu entender, ele tem que saber tudo sobre cores, sim. E esta é uma opinião pessoal.

Jogar tinta numa tela aleatoriamente ou inconscientemente dizendo que é arte é no mínimo ingênuo. Esse processo, para mim, está mais próximo da psicologia. Mais próximo do que os psicólogos chamam de catarse. Não tem nada a ver com arte. São como as crianças que muitos dizem que são artistas natos. Não são. Tanto a criança como o pretenso abstracionista está simplesmente se expressando de um modo totalmente inconsciente. Talvez, no caso do artista abstrato, procurando sua cura. Isto, repito, não é arte. É arte terapia. Ou seja, ele usa arte para trazer à tona algo que o incomoda e que talvez ele não saiba o que é. O que também é louvável

É só até aqui que concordo com a senhora, disse. Porque o artista realmente verdadeiro e comprometido com sua arte sabe o que está fazendo, mesmo sendo a arte abstrata. Alguns artistas, talvez, usem a técnica oriental de aprendizado em que depois de aprender tudo o que querem, chegam a um estágio que tentam esquecer esse tudo e se deixa levar pela intuição. Mas aí, é outra coisa.

Obrigado pela aula, Rubens (aqui a ironia estava presente também).

Vamos pesquisar?

Não se dando por vencida, ela disse pra sala: para a próxima aula, quero que vocês me façam uma pesquisa sobre o que debatemos hoje. Acredito que nossa aula sobre o abstracionismo foi muito produtiva.

Eu fiz o meu trabalho e para ficar um pouco mais claro esse artigo, gostaria de compartilhar com você. Você não precisa ir adiante se não quiser. Isto é apenas um relato ou resumo sobre esse estilo de arte. Talvez não seja assim tão relevante, sei lá.

Abstracionismo

Por volta de 1910, surge, quase que simultaneamente em vários países, uma forma de arte que rompe com tudo que é relacionado com o figurativo e o real. Arte que, além de eliminar os supérfluos, visa somente o essencial, ou seja, a forma e a cor.

Sua origem remonta à revolta dos impressionistas e suas rupturas com tudo que fosse relacionado com o naturalismo e as obras do Renascimento, das academias de arte e principalmente da estética greco-romana.

Buscando sintetizar os objetos e coisas da realidade, esse movimento era, no início, uma manifestação do cubismo e futurismo que buscavam resultados que não fossem simples imitação daquilo que fosse concreto.

O nome desse movimento ficou sendo Abstracionismo e, embora fosse uma continuidade das experiências cubistas, não se prendia mais às figuras e objetos do cotidiano.

Esta forma de arte dividiu-se em duas correntes principais: o expressionismo abstrato, que surgiu com as aquarelas do russo Vassili Kandinsky (1866-1944) e o Abstracionismo Geométrico, ou Concretismo, que começa a ganhar espaço a partir de 1915 na Rússia com o construtivismo de Kasimir Malevich (1878-1935) e do Suprematismo de Vladimir Tatlin (1885-1953. Mas foi com o holandês Piet Mondrian (1872-1944) que esta arte ganha maior pureza e expressão. Ele a denominou de Neoplasticismo. Além desses artistas, foram importantes para o movimento o tcheco François Kupka (1871-1967), o suíço Paul Klee (1879-1940) e o francês Robert Delaunay (1885-1941).

Em 1830 realiza-se a primeira exposição internacional de arte abstrata. Porém ela só se afirma mesmo como expressão artística depois da segunda guerra mundial.

Brasil abstrato

Aqui, no Brasil, no início do século XIX alguns artistas brasileiros tiveram grande destaque como é o caso de Ivan Serpa, Abraham Palatnik, Loio-Pérsio, Manabu Mabe, Antônio Bandeira, Lygia Clark, Tomie Ohtake, Valdemar Cordeiro e Luiz Sacilotto entre outros.


 
 
 

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